sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O dia em que pisamos na lua...

Um mar de imensas pedras negras. Clima frio. Silêncio. Estávamos no Vale da Lua. É difícil descrever a emoção de estar ali. A paisagem é completamente diferente de tudo o que já havíamos visto.


O Vale da Lua, contam os daqui, foi formado há pelo menos dois milhões de anos, pelo resfriamento de lava vulcânica. A força da água do Rio São Miguel escavou enormes fendas. O lugar guarda uma atmosfera meio mágica, mística até.


Para chegar até aqui, tivemos que primeiro vencer a preguiça de continuar dormindo no friozinho que está fazendo e enfrentar a chuva (aliás, aconselho a quem quiser vir por aqui, não venham entre os meses de novembro e fevereiro. Chove um dia sim e o outro também!).


O Vale da Lua fica na cidade vizinha de São Jorge. O asfalto só chega até certo ponto da estrada. Daí em diante, são 16km de terra vermelha, daquele tipo que quando chove fica mais lisa que sabão.


O caminho até o Vale corta 4km de mata, passando por pequenos córregos e túneis verdes. Paga-se 10 reais para entrar. Valeria mil.


A trilha tem 1,2km ao todo, percorrido entre terra escorregadia e enormes pedras.


Algumas placas de sinalização são bem curiosas...


Ah, a gente pensava que podia ficar pelado!!!
Brincadeiras à parte, agradeci muito a Deus por termos conseguido conhecer esse lugar. Havia muita chance de estar fechado por causa da chuva. Demos sorte. E aproveitamos cada minuto!


Já eram quase duas da tarde, e precisávamos voltar para Alto Paraíso, buscar o Nintendo do Pedro na oficina de eletrônica do Jas (Eu não havia contado, mas a Maria Clara queimou o carregador do videogame colocando na tomada com a voltagem errada. Isso foi motivo de muita discórdia... Encontramos um japa daqui- o Jas- que se propôs a consertar).

Aproveitamos para almoçar, desta vez num lugar beeemmm baratinho. Aliás, recomendo: Jatô Restaurante, um self-service super requisitado aqui na cidade. A comida é uma delícia. E a conta mais ainda: R$48. (ufa!)

A chuva parecia querer cessar. Tínhamos que aproveitar e tentar tomar algum banho de cachoeira. Procuramos uma bem próxima da cidade, chamada Loquinhas. Apesar de perto, o caminho até lá é um pouco acidentado, e pode ser traiçoeiro também. Olha o que aconteceu com o carro dos turistas mineiros!


Paramos pra ajudar. Aliás, nessas horas, graças à Deus, muita gente se solidariza. Puxa de lá, empurra de cá, mas a terra lisa não ajudava. O jeito foi tirar no braço mesmo. E no final, uma salva de palmas para os heróis!


A propósito, a cachoeira das Loquinhas estava fechada, e todo mundo teve que voltar do meio do caminho.
O sol insistia em aparecer pelo menos um pouquinho neste último dia do ano. E fomos procurar outra cachoeira (a Bia não ia perdoar se não tomasse um banho hoje). A Cachoeira dos Cristais fica a 7km de Alto Paraíso. As quedas dágua são pequenas e por isso mesmo tranqüilas para o banho. Bia, Pedro e Xuxu tiveram coragem de mergulhar.


Eu e Maria Clara amarelamos porque ainda estávamos com frio. Pelo que disse o Xuxu, a sensação era de estar tomando banho num gelágua. Eu, hein!
Pudemos ver também uma revoada de periquitos (ou seriam ararinhas verdes?). O que quer que seja, foi lindo demais!


Além do banho de cachoeira na Fazenda dos Cristais, sugiro também vocês experimentarem o pastel vendido na lanchonete de lá. É uma delícia! E o atendente, conhecido por Tatoo (como aquele da ilha da Fantasia – segundo ele mesmo se descreve) é uma simpatia.

Agora estamos de volta ao nosso castelo. Já recebemos uma espumante para brindar à meia noite. Ainda não sabemos se vamos sair, ou ficar aqui mesmo no friozinho, juntinhos. A nossa grande festa da virada é estarmos juntos.
E pra vocês que estão por aí, desejamos um 2011 muito melhor, com muita paz, muita saúde, muita alegria. Que a gente possa se encontrar mais, se amar mais, sorrir mais, ajudar mais aos outros, se preocupar mais com a natureza, apreciar mais as coisas simples e boas da vida.


E vamos ser felizes!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Chove chuva, chove sem parar....

É, São Pedro resolveu abrir a biqueira em cima de Alto Paraíso. Desde ontem chove o tempo inteiro. E numa cidade onde as principais atrações são ao ar livre, nossa vida complicou...
Sem saber como estava o tempo, hoje pela manhã acordamos cedinho pra aproveitar bem o dia. Como estamos numa pousada temática, que é a réplica de um castelo, nosso quarto não tem janelas. Nos arrumamos todos e quando abrimos a porta, humpf, o céu tava preto! ô frustração...
Tomamos café da manhã e voltamos pra cama, pra aproveitar pelo menos o friozinho debaixo das cobertas.
Mais pertinho do final da manhã resolvemos encarar a chuva (afinal a gente é nordestino mas não somos feitos de açucar, né?) e sair pra passear. Foi quando eu vi mais uma vez que Deus tá do nosso lado. A chuva afinou que foi uma beleza. E na garoazinha fomos conhecer a Fazenda São Bento. O lugar é lindo!


Tem animais circulando livremente, muito verde, e é lá que estão 3 lindas cachoeiras, uma delas, uma das mais famosas daqui, a Almécegas. Para chegar lá, é preciso percorrer uma trilha de 1km, passando pela mata, cruzando córregos. Pedro seguiu à frente, comandando a "equipe" e dando muitas ordens.


Meia hora de caminhada e chegamos à Almecegas I. Um verdadeiro espetáculo da natureza.


A volta foi mais complicada. Nem sempre na descida todo santo ajuda. As pedras são lisas e exigem mais cuidado. Foi então que exercitamos, na prática, alguns conceitos muito importantes:
- Pedro compreendeu que liderança não significa dar ordens, como vinha fazendo na primeira parte do trajeto, e sim manter a equipe forte e unida, com o mesmo objetivo.
- Bia, que não é acostumada a aventuras, entendeu o que significa superação, dando passos firmes, um após o outro, vencendo obstáculos (e aprendendo que após uma queda, precisamos sacodir a poeira e dar a volta por cima!)
- Maria Clara deu belos exemplos de solidariedade, ajudando a prima nos trechos mais difíceis.


- Eu e Xuxu lidamos com essas situações com serenidade e paciência.
Foi ótimo. Bia até foi "batizada".


Visitada a primeira cachoeira, hora de conhecer Almécegas II. Mas a chuva piorou. Como o percurso era menor, apenas 250 metros de trilha fácil, deixamos os meninos no carro e fomos só eu e Xuxu. Encontramos mais uma beleza da natureza.



De volta à sede da fazenda, mortos de fome, ainda tivemos que esperar quase 2 horas até o almoço ficar pronto. Enquanto isso, fomos dar mais uma volta, e conhecer a terceira cachoeira, São Bento.


Aqui deu muita vontade de tomar banho nessa enorme piscina formada ao pé da cachoeira, mas o clima frio nos acovardou.
O Almoço na fazenda foi bom demais. Comidinha feita no fogão à lenha. Feijão novinho, mil saladas, arroz soltinho. Pela primeira vez depois de vários dias, o Pedro não deu trabalho pra comer. Comida boa e fome muita foram a combinação perfeita.


Depois do almoço, quase tivemos uma indigestão: a conta! R$37 reais por pessoa. Tá, o preço é justo pelo lugar onde estávamos e pelas maravilhas que comemos, mas somos 5, e saiu pesado. Gastamos 195 reais! Segundo o Xuxu, o doce de leite com queijo da sobremesa valeram por tudo!

Exaustos, de bucho cheio e no friozinho, acabamos resolvendo voltar pra pousada. O dia, apesar de chuvoso, já tinha rendido momentos maravilhosos.


E estamos aqui, encolhidinhos, morrendo de frio, e planejando comer uma massinha quente daqui a pouco.
Tio William, vamos tomar um vinho lembrando do senhor! Beijos para tia Rita, Jonas, Cami, Cris, Milena, Jaime Neto e Iolanda, Lalá e Percília, Pai e Mãe, e todo mundo que embarcou na nossa viagem. Ainda vem muito mais por aí! E vamos ver se alguém aí consegue um patrocínio da Revista 4 Rodas ou da Mitsubishi pra gente, vai! Pelo menos pra bancar o almoço de hoje...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O paraíso é aqui!

Parece que estamos literalmente no céu. Neste momento, olho para a janela de vidro e me sinto dentro de uma nuvem. A névoa tomou conta de Alto Paraíso, e o friozinho tá uma delícia! Mas agora, deixa eu contar como foi o nosso dia:

Tínhamos duas opções para sair de Luis Eduardo Magalhães em direção á Goiás. Uma era pela BR-020, indo até perto de Brasília. A outra, pela BR-242, passava pelo Tocantins e era aparentemente mais curta. O que escolhemos? O caminho mais curto, claro. Fizemos um roteiro no nosso mapa do Guia 4 rodas, checamos no Google Maps, e estava aparentemente tudo ok. O GPS também indicava que deveríamos pegar essa estrada. Fomos. Pra nossa surpresa, a tal BR-242 é de terra! Isso mesmo! Acaba o asfalto e começa aquela trilha sem fim de areia vermelha. Simples assim. A gente nem acreditou. Fiquei tão passada que nem tive a iniciativa de tirar uma foto pra mostrar aqui. Era o fim! Acabamos pegando uma terceira rota, que também ia pelo Tocantins, só que dando uma volta maior. Como Deus escreve certo por linhas tortas, tivemos surpresas incríveis!

Por exemplo, descobrimos um Nordeste verde e produtivo, com plantações de soja, de milho, de algodão a perder de vista, literalmente.


Logo que atravessamos a divisa com o Tocantins, o cenário mudou completamente. A vasta planície deu lugar a vales e montanhas impressionantes. E eu que nunca tinha imaginado o que tinha no Tocantins...


Chegamos a pensar que estávamos perdidos, porque as placas de sinalização são raríssimas nesse trecho. Foi a primeira vez que o nosso GPS realmente nos salvou. (só um detalhe: já não agüentávamos mais a matraca da “Ana Maria” – voz feminina do aparelho- dando pitaco o tempo inteiro nas nossas direções. Cheguei inclusive a mudar para a voz masculina, o “Fábio”, que aparentemente é mais contido nas indicações. kkkkk) Pois bem, diante da incerteza se estávamos indo pro lado certo, eis que o GPS indicou tudo certinho.


Seguimos o nosso caminho em direção à Taguatinga, no Tocantins. E mais uma vez, as linhas tortas de Deus... Paramos num posto de gasolina pra abastecer. O carro estava com o tanque acima da metade, mas eu pedi ao Xuxu para completar, porque não sabíamos o que viria pela frente. Aí eu, que nem sou de muita conversa, comentei com o frentista que iríamos conhecer Bonito, no Mato Grosso do Sul. E olha o que ele disse: "Bonito? Bonito é aqui! Você já conheceu o rio dos Azuis?" Fiquei curiosa pela indicação. Pegamos os detalhes e fomos bater lá, 23km depois. Vejam o que encontramos:


Lindo, né? Essa aí é a nascente do Azuis, que curiosamente é o menor rio do Brasil. Tem 147 metros de extensão e fica no município de Aurora do Tocantins. Gente, a água é cristalina! Vou confessar que assim que a gente chegou, achou o lugar meio com cara de "farofal", misturado, como a gente diz aí. Mas quando vimos a cor da água, não resistimos. E quer saber? Foi maravilhoso! Viramos farofa também e aproveitamos. Lição do dia: felicidade não é artigo de luxo e existe pra todos. Se tivéssemos sido preconceituosos, teríamos perdido uma excelente oportunidade de conhecer um lugar maravilhoso, e ver como a natureza é magnífica.


Saímos banhados e felizes...Na estrada, nossa próxima divisa seria com Goiás. O percurso é acompanhado pela beleza da Serra Geral, um enorme chapadão que não cansamos de olhar. Passamos por cidades pequeninas como Campos Belos e Monte Alegre, onde vimos o jeito curioso que ele usam para secar a carne.


Estávamos chegando à Chapada dos Veadeiros. Fomos recebidos com chuva forte. Talvez para chegar com a alma lavada em Alto Paraíso, reduto esotérico do Brasil.


Aliás, é aqui em Alto Paraíso que passa o Paralelo 14º, sabiam? Não sabem o que é isso? Então deixa eu explicar: o parelelo 14 é a linha imaginária (assim como a linha do Equador) que cruza a cidade de Alto Paraíso. É a mesma que passa na também mística Machu Pichu, no Peru(Maranfon, lembramos de você e seus chacras!). Isso renderia altas energias por aqui. Por via das dúvidas, eu e o Xuxu achamos melhor garantir...

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No som do carro tocava "Leve, como leve pluma muito leve, leve, pousa", do Secos de Molhados. Mais apropriado não tinha, né?


Foi nessa felicidade que chegamos aqui, e vamos ficar hospedados nesse castelo, olha aí, pra viver novos dias de Reis, princesas e príncipe. Porque tenho certeza que a gente merece!


Querem saber o resto dessa história? Continuem viajando com a gente! Amanhã veremos muitos outros espetáculos da natureza. Um beijo enorme em cada um de vocês.