Um mar de imensas pedras negras. Clima frio. Silêncio. Estávamos no Vale da Lua. É difícil descrever a emoção de estar ali. A paisagem é completamente diferente de tudo o que já havíamos visto.
O Vale da Lua, contam os daqui, foi formado há pelo menos dois milhões de anos, pelo resfriamento de lava vulcânica. A força da água do Rio São Miguel escavou enormes fendas. O lugar guarda uma atmosfera meio mágica, mística até.
Para chegar até aqui, tivemos que primeiro vencer a preguiça de continuar dormindo no friozinho que está fazendo e enfrentar a chuva (aliás, aconselho a quem quiser vir por aqui, não venham entre os meses de novembro e fevereiro. Chove um dia sim e o outro também!).
O Vale da Lua fica na cidade vizinha de São Jorge. O asfalto só chega até certo ponto da estrada. Daí em diante, são 16km de terra vermelha, daquele tipo que quando chove fica mais lisa que sabão.
O caminho até o Vale corta 4km de mata, passando por pequenos córregos e túneis verdes. Paga-se 10 reais para entrar. Valeria mil.
A trilha tem 1,2km ao todo, percorrido entre terra escorregadia e enormes pedras.
Algumas placas de sinalização são bem curiosas...
Ah, a gente pensava que podia ficar pelado!!!
Brincadeiras à parte, agradeci muito a Deus por termos conseguido conhecer esse lugar. Havia muita chance de estar fechado por causa da chuva. Demos sorte. E aproveitamos cada minuto!
Já eram quase duas da tarde, e precisávamos voltar para Alto Paraíso, buscar o Nintendo do Pedro na oficina de eletrônica do Jas (Eu não havia contado, mas a Maria Clara queimou o carregador do videogame colocando na tomada com a voltagem errada. Isso foi motivo de muita discórdia... Encontramos um japa daqui- o Jas- que se propôs a consertar).
Aproveitamos para almoçar, desta vez num lugar beeemmm baratinho. Aliás, recomendo: Jatô Restaurante, um self-service super requisitado aqui na cidade. A comida é uma delícia. E a conta mais ainda: R$48. (ufa!)
A chuva parecia querer cessar. Tínhamos que aproveitar e tentar tomar algum banho de cachoeira. Procuramos uma bem próxima da cidade, chamada Loquinhas. Apesar de perto, o caminho até lá é um pouco acidentado, e pode ser traiçoeiro também. Olha o que aconteceu com o carro dos turistas mineiros!
Paramos pra ajudar. Aliás, nessas horas, graças à Deus, muita gente se solidariza. Puxa de lá, empurra de cá, mas a terra lisa não ajudava. O jeito foi tirar no braço mesmo. E no final, uma salva de palmas para os heróis!
A propósito, a cachoeira das Loquinhas estava fechada, e todo mundo teve que voltar do meio do caminho.
O sol insistia em aparecer pelo menos um pouquinho neste último dia do ano. E fomos procurar outra cachoeira (a Bia não ia perdoar se não tomasse um banho hoje). A Cachoeira dos Cristais fica a 7km de Alto Paraíso. As quedas dágua são pequenas e por isso mesmo tranqüilas para o banho. Bia, Pedro e Xuxu tiveram coragem de mergulhar.
Eu e Maria Clara amarelamos porque ainda estávamos com frio. Pelo que disse o Xuxu, a sensação era de estar tomando banho num gelágua. Eu, hein!
Pudemos ver também uma revoada de periquitos (ou seriam ararinhas verdes?). O que quer que seja, foi lindo demais!
Além do banho de cachoeira na Fazenda dos Cristais, sugiro também vocês experimentarem o pastel vendido na lanchonete de lá. É uma delícia! E o atendente, conhecido por Tatoo (como aquele da ilha da Fantasia – segundo ele mesmo se descreve) é uma simpatia.
Agora estamos de volta ao nosso castelo. Já recebemos uma espumante para brindar à meia noite. Ainda não sabemos se vamos sair, ou ficar aqui mesmo no friozinho, juntinhos. A nossa grande festa da virada é estarmos juntos.
E pra vocês que estão por aí, desejamos um 2011 muito melhor, com muita paz, muita saúde, muita alegria. Que a gente possa se encontrar mais, se amar mais, sorrir mais, ajudar mais aos outros, se preocupar mais com a natureza, apreciar mais as coisas simples e boas da vida.
E vamos ser felizes!
Aqui começa o registro de uma grande aventura familiar. Por terra, vamos desbravar caminhos, conhecer relevos, vegetações, sotaques diferentes. Vamos descobrir o nosso Brasil que não está nos livros. No trajeto nos encantaremos com as paisagens e nos depararemos com situações difíceis. Será um exercício coletivo de resistência, tolerância, solidariedade, amor ao próximo, enfim, tudo o que deve servir de base pra o que se espera de uma família. Tudo vai ficar registrado aqui. Viaje com a gente!