quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Porque Deus é pai, não é padrasto, e nos mostrou o Rosa e a Rose!




A gente tava bem desanimado. Fiz até aquele post-desabado sobre Floripa e as dificuldades enfrentadas por quem faz uma viagem "desprogramada" feito as nossas. O Eduardo Freire imediatamente intercedeu em favor da maravilha que é a cidade e as belezas do litoral. Mandou dicas, mapas, a coisa mais linda. A Natália Coutinho também saiu em defesa das belezas catarinenses. Me comovi. E seguindo as dicas do Edu, deixamos Floripa pra trás e descemos rumo à Praia do Rosa ( o Ricardo Bola e a Ju Beviláqua também já tinham indicado, no início da nossa viagem). A primeira impressão não foi animadora. "Ah, que Cilada!", eu pensei logo que chegamos. O Rosa também tinha engarrafamento (em menores proporções, mas tinha) e pousadas lotadíssimas. Será que a gente ia ter que voltar pra trás de novo? Chegamos até a cogitar antecipar as passagens de volta pra Fortaleza, de tão infelizes que estávamos.

Mas aí conseguimos uma pousada pra ficar. Lugar bonito, mas meio <i>roots</i> demais. Famílias argentinas ocupavam todo o entorno da nossa "cabana". Eles estavam felizes com suas piscinas de plástico, os varais lotados de roupas e toalhas, biquínis de crochet, e muito chimarrão. Mas a gente não tava bem. Colocamos as malas ali, com aquele sentimento tipo "só tem tu, vai tu mesmo" e fomos tentar descobrir o caminho da praia. Foi quando ouvimos: "Bah, se a essa hora tu for à praia do Rosa não tem onde estacionar. Pra chegar lá e conseguir vaga tem que sair bem cedinho, antes de oito da manhã!". Eram duas da tarde. Frustrados de novo, decidimos ir pra vizinha, a praia do Ouvidor, que seria mais "calma".

Pra chegar lá, seguimos por uma estradinha sinuosa, de terra. Pra nossa surpresa, a areia da praia estava coberta de carros. Muitos, muitos carros. Não tínhamos opção. Era ali a única chance de, literalmente, afogar nossas mágoas. Seguimos passando por aquele imenso corredor de carros, sem conseguir enxergar se a praia era legal, se o mar era bom. Achamos vaga no final de tudo. Mas tínhamos fome. Não tínhamos almoçado ainda, estávamos tão infelizes (de novo)....


Até aqui, só tristeza. Xuxu, com seu faro infalível pra carro velho, quer dizer, antigo, mirou numa C10 toda incrementada, com uma churrasqueira atrás. "É aqui que a gente vai comer", ele disse. O menu era pão carioquinha recheado com churrasco de linguiça e vinagrete. Quando demos a primeira mordida... Huuuummmmm!!! Uma delicia. Aos poucos, fomos descobrindo a história daquele carro, do dono dele, e do seu passado de fama. Aquele era o tal Gaúcho do Ouvidor. Ele já foi personagem do quadro Lata Velha, do programa do Luciano Huck. Conversador, cheio de causos... 


A C10 dele tinha sido toda reformada em 2011 e ainda hoje o Gaúcho é famoso da região. 

C10 do Gaúcho do Ouvidor. Sanduíche de churrasco delicia que alimentou nossa fome e nossos sonhos pras bandas de cá


O gaúcho mostra orgulhoso que já foi motivo de muitas reportagens depois da fama do Lata Velha

A gente relaxou e se desarmou e conseguiu enxergar que a praia era linda! Uma baía com água calma e fria, mas não congelante como aquela de Guarda do Embaú. O banho de mar foi coletivo (até a Maria entrou! _ Há de se salvar uma alma no purgatório). O visual é lindo. As pedras dão um charme especial à paisagem do litoral daqui.

 



E assim passamos a tarde inteira. Na volta pra pousada, o baixo astral foi batendo de novo. Nossa primeira impressão tinha sido tão ruim... Fomos parando aqui, acolá, perguntando e sempre levando um "estamos lotados" na cara. 


O Xuxu, persistente que é, disse: vamos pra uma última tentativa. Foi aí que demos de cara com a pousada Prazeres do Rosa. A Rose, uma gaúcha simpática e falante nos recebeu. E sabe aquela empatia que às vezes bate de graça com alguém? Foi a que sentimos por ela. Nos mostrou o quarto que tinha disponível, se mostrou solidária à nossa situação e a simpatia foi tanta que a gente esqueceu o que já tinha pago na outra e veio correndo pra esse abraço caloroso.

A Rose e Valdo, marido dela, estão administrando a pousada há poucos dias. Enchem o lugar de humanidade. A gente se sentiu em casa, acolhidos, mimados depois de tanto desconsolo! Em pouco tempo nos vimos conversando como velhos amigos, dividindo a macarronada preparada com capricho pela Yasmin (que além de cozinheira de primeira tem sido nosso GPS ao longo de toda a viagem _a única que tem um 3G operante), falando sobre viagens, família, experiências de vida. Tão bom que a gente até pensa em voltar em outra época, acreditam?

Reunidos em torno de uma boa macarronada!
Prazeres do Rosa. Nossa acolhida mais querida
Dormimos um sono tranquilo, e já estamos prontinhos pra explorar os arredores, sabendo que temos um porto seguro que voltar mais tarde.