segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um lugar de cores e sabores




Adentrar a muralha que cerca a cidade velha de Cartagena é se transportar para um tempo passado, de cenários lindos, coloridos. Os balcões dos casarões antigos, muitos floreados por bouganviles, roubam todas as atenções do nosso olhar. Achei interessante que, desde os 10 até os 70 da nossa turma, todos se encantaram com o que viram. E não demorou 1 minuto para que cada um sacasse sua câmera pra registrar tudo. Para o Pedro, foram menos de 15 para já desejar morar aqui.









Além de linda, a cidade possui uma diversidade sons, aromas, cores. Sem falar da incrível variedade de restaurantes de nacionalidades diversas. Já imaginávamos que por aqui experimentaríamos muita coisa diferente, e já tinha sido combinado antes da viagem que nos permitiríamos viver também essas aventuras gastronômicas.




O fato é que já vivemos momentos deliciosos, como o almoço no Peru Fusion, cantinho super transado achado por acaso numa das ruelas daqui. Nosso pedido teve desde temaki, até arroz com tinta de polvo, bife de lomo (filé) e pescada com camarões e cogumelos. Quase morremos pela boca.

Fachada do Peru Fusion
E o que dizer do Marzola, restaurante argentino que também descobrimos por acaso e onde jantamos a melhor carne que acho que já comi na minha vida. Sem falar que o restaurante em si já é uma atração, e nem que você não vá pra comer, vale à pena conhecer. A decoração é massa! Tudo o que vc puder imaginar da Argentina, do Gardel ao Messi, passando pelo Papa Francisco e o Caminito estão pregados naquelas paredes. Vou dizer de novo. É muito bacana. Atendimento também muito bom.

Escadaria na entrada do Marzola. Essas coisas coloridinhas, nos degraus, acreditem, são tampinhas de cervejas! Elas estão espalhadas no restaurante inteiro!









Pedro e James, muy amigos!

Ah, e teve também uma parada no Crepes e Waffles, a pedido da Maria, que desde Fortaleza sonhava em conhecer esse lugar, já indicado pela amiga Catarina. E realmente, depois de experimentar o waffle de lá, eu me toquei de que o que comemos em Fortaleza é pura farsa. Mais um ponto positivo nas nossas experimentações.



Ah, é claro que não ficamos só nos restaurantes. Vir à Colômbia e não comer uma "arepa con queso" num carrinho de rua é como ir à Paris e não se render a um crepe. E o negócio é tão bom que de agora em diante pretendo comer uma todos os dias, até o dia de ir embora. :p


A nossa sorte, diante de tanta comilança é porque aqui a gente anda tanto, tanto, mas tanto, e num calor tão grande, tão grande, tão grande, que as calorias se vão embora em três tempos (pelo menos é nisso que a gente se ilude). E é o que nos salva da possibilidade de voltarmos pro Brasil rolando.

   









Bem, já falei dos casarões lindos, da comida maravilhosa, agora, não podem faltar os bastidores de 7 pessoas de temperamentos distintos andando juntas nessa cidade de tantas distinções.... Pedro continua "bugando" de vez em quando, mas já fala um "gracias" com um segurança que só vendo. Aliás, gracias é uma palavra que foi adotada pelo vocabulário de todos e não é pra menos. Como já nos tinham avisado, o povo colombiano é extremamente caloroso. São inúmeras as demonstrações de atenção, presteza, simpatia. Hoje, depois de pedir informação a um senhor, sobre como chegava a uma igreja, fui surpreendida por ele se aproximando de nós, um quarteirão depois, se oferecendo para nos acompanhar. Era seu Rafael, um legítimo cartagenero setentão, morto de orgulhoso de sua cidade natal.



O calor intenso (muito piorado por conta da alta umidade) às vezes têm mexido com os humores da gente. Hoje, até o Pedro, que tem tido um comportamento excelente, andou se exaltando. Chegou ao
ponto, de ao entrarmos numa igreja (a belíssima catedral de Santo Domingo) e ser orientado a fazer um pedido aos santos, me confessar: "Mãe, sabe o que eu pedi? Pra melhorar o clima". Fiquei com pena e disse que pra esse problema não haveria milagre, até sermos surpreendidos, uns metros a frente, por um imenso ventilador. Foi o que bastou pra que ele olhasse pra mim com a fé reforçada de que milagres existem.

Sim, a fé das crianças opera milagres. E Deus colocou um ventilador no nosso caminho!
Pro meu pai e minha mãe as caminhadas têm sido cansativas também. Mas já aprendi que pra Dona Marília a pílula da disposição aqui tem outro nome: "tienda". A bichinha não pode ver uma loja que num instante fica esperta que é uma beleza. E haja regalos!



Hoje, pra vcs terem uma ideia, ela se rendeu ao incontrolável desejo de ir a um shopping (sem nós, claro). Não nega que é vó da Ethel! (aquela minha sobrinha morta de linda que na viagem passada, pra Minas, andou tendo uma crise de choro por conta da abstinência de não ir a um shopping! Hahahah). Pois é... Tal vó, tal neta!

Ah, a Gabriela também ama entrar numa loja, principalmente se ela tiver ar condicionado!

Além da cidade murada, hoje incluímos na nossa programação a visita ao Castillo San Felipe de Barajas, uma edificação de proporções imensas que também serviu de fortaleza para proteger Cartagena dos ataques de saqueadores. Apreciamos por fora, mas decidimos não subir, desmotivados pelo o sol escaldante e o calor insuportável.



 Seguimos então para o Cerro La Popa, onde está o Convento de Santa Cruz de La Popa. Um lugar lindo, com uma vista incrível de Cartagena, que nos revela que ela é muito maior e mais moderna que  imaginamos.










(o detalhe aqui é que de tudo o que vimos lá, o que mais chamou a atenção do Pedro foi uma vitrine de cédulas de vários países do mundo, que foram dadas como gorjetas aos guias do Convento e doadas para exposição. Tudo a ver, né? )



Bem, gente, vou parando por aqui. O que não significa necessariamente que não tenha mais nada pra dizer. Ao contrário, tem sido muito difícil filtrar fotos e relatos a fazer. Mas por hoje preciso parar. Amanhã faremos um passeio que promete ser lindo, e tenho que estar bem descansada para curtir tudo. E quando for atualizar o blog, eu incluo o nosso passeio de bike pelas ruas de Cartagena, nossa visita a um "navio pirata", e a mais nova delícia "de comer" que conhecemos aqui e que tem o simpático nome de "alegrias". 

A noite hoje vai terminar assim: no terraço do hotel, com essa vista que, como diz o Pedro, parece coisa de rico!!!! Hahahah Boa noite, meu povo!

Muito mais feliz que se estivesse na Ilha de Caras! 


Terraza do Hotel, com a cidade murada ao fundo



CARTAGENA EM IMAGENS










Chegamos à Cartagena das Índias e já nos apaixonamos

A parada em Bogotá foi só um pernoite. No domingo cedo tínhamos que voltar ao aeroporto para um novo vôo, desta vez para Cartagena das Índias.  Fomos de Viva Colômbia, uma companhia low-fare que tem preços muito mais acessíveis que a Avianca. Prepare-se então pra um avião bem apertadinho, sem direito a bagagem de porão (a não ser que vc pague 20 dólares por mala), sem direito a assento marcado (a não ser que vc pague por isso), e sem direito à pontualidade (na verdade não sei se o atraso tem a ver com a companhia ou ao congestionamento do aeroporto mesmo, mas o fato é que o nosso voo que estava marcado pra sair às 09:30 decolou às 10:45h). Mas, tamo de férias, né? Horário marcado, pra quê? (minha mãe não pensa bem assim, e andou resmungando um bocadinho, mas só um bocadinho!)

Quem andou resmungando também foram o Pedro e a Maria. "Valha, essa cadeira não reclina?", "Mãe, não vão servir lanche?", "Não tem aquela tvzinha pra gente assistir?", "Por que é que tá demorando tanto?". É assim... esse povo "viajado demais" se achando... Hahaha  Mas é bom que vejam as várias formas que a gente tem de conhecer o mundo, e que nenhuma inviabiliza a outra, né?


Chegamos a Cartagena perto de meio dia (uma hora de vôo). No trajeto para o hotel passamos pela praia (não esperem muito... a cor do mar decepciona pra quem espera o azul de um mar caribenho), mas a praia realmente não é o forte daqui. E vc esquece dele rapidinho quando se aproxima da cidade murada. É lindo!!!!!



A colonização de Cartagena tem mais ou menos o mesmo tempo da nossa. Data de 1533. A cidade foi um importante entreposto comercial entre o que era levado daqui para a Espanha. Foi alvo de muitos ataques piratas (Os piratas do Caribe!!!!!), e por isso foi murada. Desde 84 foi considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. E nos posts a seguir vocês vão entender melhor o motivo.



Só pra concluir o relato da nossa chegada aqui, vale registrar que tivemos mais uma boa surpresa com o hotel que nos foi indicado (valeu, Ricardo Bola!). É lindo também. E apesar de não estar dentro da muralha, tem uma visão privilegiada dela e é muito aconchegante.

                                                       


(Como ainda tô tirando o atraso dos posts, vou ficar devendo o resto do dia. Se Deus quiser, até hoje à noite atualizo tudo. Mas é muita coisa pra contar, minha gente! Hahahah)
Até breve!















"Mãe, acho que meu cérebro bugou".

Descemos no Aeroporto El Dorado, de Bogotá, às 7 e pouco da noite (duas horas a menos que o Brasil). Entre os procedimentos de  desembarque, imigração, esteira de bagagens, casa de câmbio e aduana, Pedro permaneceu de olhos atentos a tudo. Meio calado, o que não é característico dele, mas visivelmente ligado.
Foi então que me puxou pela mão e disse: "Mãe, acho que meu cérebro bugou. Não consigo entender nada que as pessoas falam! Não tô conseguindo pensar". Ele, que achava que sabia alguma coisa de espanhol, se tocou que não era tão simples quanto parecia nas aulas da tia Nadesda, no Antares. Tentei tranquiliza-lo e começamos a trocar algumas expressões. Pra "empezar", nada melhor que um "buenas noches" e um "muchas gracias", "vale"?

Nos dividimos em dois taxis para ir ao hotel, no bairro da Candelária, centro histórico de Bogotá. Eu num carro, com o papai e a mamãe, e o Xuxu em outro, com os meninos. (Esse lance do táxi é diferente aqui. Os preços já são combinados na saída, e meio tabelados. Não há taxímetro. O bom é que vc já vai sabendo quanto vai gastar).

O motorista do nosso carro, o Willian, foi de uma simpatia só. A nos mostrar tudo pelo caminho, a me falar do trânsito caótico por aqui (e em terras de Transmilênio, o sistema de BRT que virou exemplo pro mundo, isso merece um post à parte!), a nos propor passeios "inolvidables".

Chegamos à Candelária e, cadê o hotel? Endereço na mão, rua certinha, mas... Os dois taxistas pararam os carros, desceram, mão na cabeça, olha pra um lado, olha pra o outro... Discutem num espanhol rapidíssimo e lá me vem o Pedro, "El observador", com o seguinte comentário: "Mãe, olha que engraçado, aquela casa ali é igualzinha ao nosso hotel." Não dei muita trela, e ele puxando assunto. "Mãe, lá em casa eu entrei no google earth  e vi como era o hotel que a gente ia ficar. Uma casa igual aquela". E eu no velho, "ah, filho, legal..." e preocupada mesmo era com a conversa dos motoristas. Até que um deles resolveu ligar pro telefone marcado no voucher e... tchan, tchan, tchan, tchan... daquela casinha no meio do quarteirão apontada pelo Pedro, "igualzinha ao hotel" que ELE viu na internet,  sai um rapaz simpático acenando "Hola, beinvenidos!". Pois é, o danado do menino tinha razão. O google earth dele tava certinho e só ele, na família inteira, tinha prestado atenção na fachada do hotel quando consultou a internet (eu confesso que só me interessei em olhar o quarto, pra saber se era bom).



Demos os parabéns à ele, que ficou orgulhosíssimo pelo achado.


O Hotel Muisca,de fachada modesta porém charmosíssima, localizado numa rua tranquila do centro histórico, foi nossa primeira boa surpresa por aqui. Fica num casarão de mais de 200 anos, todo decorado com artigos do período precolombino,com objetos que são típicos da nação Muisca-Chibcha, que faz parte da cinco grandes culturas ancestrais (Maya, Inca, Azteca y Selvática).

Além do mais, apesar do casarão antigo, as instalações são ótimas. E tudo é feito seguindo critérios de sustentabilidade. Estoy encantada!


Resumindo. O astral é tão bacana que decidimos ficar o resto da noite aqui, descobrindo curiosidades e treinando nosso espanhol coletivamente, entre risos e caretas. E nosso primeiro jantar não teve nada de ancestral. Recorremos ao velho e bom delivery e nos esbaldamos com uma "Monapizza" (adorei o nome!) quentinha, pra esquentar o frio que Bogotá nos fez sentir.






 E fomos dormir cansados mas felizes demais. Nossa primeira impressão foi a melhor possível!
Hasta la vista, babies!
Mamãe não aparece na foto porque tava toda encorujada de frio no quarto!