terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cruzamos nossa segunda divisa!

Enfim deixamos Cristino Castro. Confesso que não teremos boas lembranças daqui. O hotel foi ruim, o jantar foi ruim, as piscinas térmicas eram a maior furada (tinham cheiro de xixi). Valeu a experiência, mas acho que por aqui a gente não volta mais. (Uma dica pra quem for fazer esse caminho é andar 31km a mais e ficar em Bom Jesus. A cidade parece ter uma estrutura um pouquinho melhor).


Pegamos a estrada às seis da manhã. Nosso terceiro dia de viagem, e todo mundo meio bodado pela noite mal dormida. Talvez isso tenha refletido no mal comportamento do pessoal da “classe econômica” (a turma do banco de trás). Pedro, quando não estava dormindo, se ocupava em encher o saco da Maria Clara, que por sua vez, se trocou com ele como se também tivesse 6 anos. A arenga duraria os mais de 500 quilômetros que tínhamos pela frente...


Por volta das 10 da manhã cruzamos a nossa segunda divisa. Deixamos pra trás o Piauí, e entramos na Bahia, pela cidade de Formosa do Rio Preto.


Aos poucos fomos vendo as mudanças no relevo e na vegetação. A cor do solo, do verde, iam ficando diferentes. Mais adiante, as enormes rochas recobertas de vegetação já tinham dado lugar a imensos pastos verdes.


Almoçamos, imaginem só, no Shopping de Barreiras. É... cidade pequena mas evoluída! (na verdade, o shopping só tinha umas 3 lojas funcionando, e na praça de alimentação, apenas um restaurante e uma lanchonete. Mas shopping é shopping, né?)

Seguimos viagem em direção à próxima cidade, Luis Eduardo Magalhães, onde tínhamos planejado fazer o pernoite. Eram menos de 100 quilômetros de distância, e ainda era cedo. Resolvemos então fazer um pequeno desvio no percurso para conhecer a região. Pegamos uma estradinha de terra, uma pontezinha de madeira...


...e nos deparamos com esse rio de águas límpidas e transparentes. Difícil resistir...


Sim, eu e a Bia entramos de roupa e tudo. Quando é que eu ia ter essa oportunidade de novo? Melhor garantir! Agora, dá pra imaginar que esse riozinho inofensivo se transformaria nisso aqui?


Acho que é a cachoeira mais linda que já vi na minha vida. Chama-se “Cachoeira do Acaba Vidas”. Não sei o motivo de ter recebido um título tão tenebroso, mas na verdade, pra mim, ela foi quase um “Começa Vida”, porque me senti completamente renovada e ainda mais crente em Deus. Aliás, é impossível ver esse cenário e não acreditar que ele existe.


Valeu, valeu, valeu! Estamos apenas no terceiro dia de viagem, e já tenho muitas coisas boas pra contar. O bom de viagens como essa que estamos fazendo é poder parar, conhecer o que não está nos roteiros, se permitir ter tempo para conhecer tanta coisa linda que esse nosso Brasil tem e a gente não sabe.

Chegamos em Luis Eduardo Magalhães às 4 da tarde. A cidade tem uma boa infra porque abriga mais de 50 grandes empresas agrícolas. Estamos hospedados no melhor hotel da cidade, com direito a elevador panorâmico e tudo! Vamos tirar o atraso da noite anterior, dormir, se Deus quiser, maravilhosamente bem, para amanhã chegar ao nosso primeiro destino: Alto Paraíso de Goiás. É lá que ficaremos até o dia 2 de janeiro, antes de seguirmos para Bonito.

Queremos deixar um beijo muito grande pra todas as pessoas que estão nos mandando comentários no blog. Mãe, não recebi o seu! Cris, é claro que eu lembrei de vc em Picos, mas a “bola da vez”, desculpe, era a Marcinha (kkkk)! Jaime Neto, Ian, Adri Sabóya, Marquinho, Maranfon, Quequel, Milena, Celininha, Carol, enfim, todo mundo que a gente adora e com quem a gente faz questão de compartilhar os momentos felizes. Nossos olhos agora são de vocês também!

Conhecem Cristino Castro?

Esse é o nome da cidade onde encostamos pra descansar nesse segundo dia de viagem. Fica no Piauí, a uns 600Km de Teresina. Cidade pequenininha, no Vale do Gurguéia, que tem como principais atrativos as fontes de água morna, espalhadas por todo lado.


Nos dois maiores hotéis da cidade, as piscinas térmicas são a sensação, mas fora isso, a infra-estrutura é bem precária. Este post, por exemplo, está sendo publicado com 1 dia de atraso porque não tivemos como acessar a internet. Nem o sinal da Oi pegava direito (novidade, hein?). O pernoite por aqui foi por pura falta de opção.
O nosso dia começou cedinho, às 5 da manhã.


Nossa meta era conhecer a cidade de São Raimundo Nonato, famosa por guardar vários sítios arqueológicos. A dica para visitar esse lugar foi do Fábio, pai da Maria Clara, que já esteve lá e disse que era muito interessante. Por coincidência, São Raimundo estava bem na nossa rota em direção à Alto Paraíso de Goiás, aonde vamos passar o ano novo.

No caminho, uma grata surpresa. Descobrimos um pedacinho do Brasil-colônia, que resiste bem no interior do Piauí. A cidade de Oeiras é linda! Guarda um casario antigo, do século 18. O Xuxu já pensou logo numa locação para um filme...


A matriz de Nossa Senhora das Vitórias, a padroeira daqui, foi construída em 1733 e é uma verdadeira relíquia. Pra quem conhece, dá perfeitamente pra comparar com algumas cidades históricas de Minas.


Entramos, fizemos nossas orações e eu, particularmente, agradeci a Deus pela oportunidade de estar ali. Pedro também fez suas preces. Tenho certeza que a Mamãe do Céu não vai resistir e vai atender a esse pedido....


Devidamente abençoados, seguimos nossa viagem. Mal sabíamos que pela frente encontraríamos uma estrada nessas condições...


Foram praticamente 80 quilômetros de buraqueira, enfrentados com muita paciência. O percurso planejado para ser feito em 4 horas e meia, levou mais de 6! (trilha sonora para este momento: Tati Quebra-Barraco). Na cidade de Simplício Mendes, descobri uma super estátua do Sagrado Coração de Jesus. E claro que fiz um registro fotográfico pra minha mãe. Essa é pra você, dona Marília!


Dali em diante, tudo valeu à pena. À nossa espera estava o Parque Nacional da Serra da Capivara, um encanto para os sentidos. (trilha sonora para este momento: Pro dia Nascer Feliz, do Barão Vermelho).



Era quase uma e meia da tarde quando finalmente chegamos a São Raimundo Nonato. O atraso na estrada não nos permitiu conhecer as trilhas indicadas no Guia 4 Rodas, cotadas como um passeio imperdível. Nos contentamos em conhecer o Museu do Homem Americano que, por sinal, nos deixou muito bem impressionados. Ali estão guardados pedaços de ossos, de pedras, projeções que recontam a história dos primeiros homens que viveram nas Américas.


Após essa imersão na pré-história, era hora de voltar pra estrada. Até aquela hora só havíamos percorrido 350km, muito pouco diante do longo caminho que ainda temos pela frente. Estudamos o mapa, reavaliamos percursos, nos informamos sobre hospedagem e decidimos seguir para Cristino Castro, 311km adiante. Para não perdermos tempo, almoçamos sanduíches e voltamos pra nossa vida estradeira.


Enfim, chegamos no ponto final do dia! Era mesmo hora de parar. O sol já tinha se posto e nos nossos compromissos de viagem nos prometemos não pegar estrada à noite. Além do mais, tava difícil encarar o tédio nesse trecho do percurso.


Considerações a fazer:

O Xuxu está de parabéns pela serenidade com que tem encarado a estrada. Isso nos dá a tranqüilidade de uma viagem sem sustos.

As rodovias estaduais do Piauí são péssimas! É inacreditável o descaso. Serviu pra eu dar muito valor às estradas do Ceará que, justiça seja feita, estão ótimas.

Descobrimos um Piauí bem diferente do que costumamos imaginar. Normalmente o estado é menosprezado pela pobreza, pela seca, pelo calor. Mas o que pude mostrar para os meus filhos foi o lado exuberante do relevo da Serra da Capivara, a riqueza arqueológica dessa região, as curiosas fontes térmicas que trazem água morninha para a superfície. Além da cordialidade de pessoas sempre dispostas a ajudar.

As “aborrecentes” ainda não se acostumaram com as condições dos banheiros de beira de estrada (de fato, terríveis, mas em alguns momentos, inevitáveis). Acho eu que elas pensavam que iam encontrar o banheiro do Via Sul em todas as paradas...