Depois de uma bela noite de sono (com o Pedro dividindo a cama por conta de umas "alucinações" - palavra empregada por ele - que andou tendo na noite anterior, envolvendo uma indiana e um anão, e que lhe roubaram a coragem de dormir sozinho (apesar de estar no quarto com as duas irmãs) - e que, ainda segundo ele, podem ter sido motivadas pela vitrine da "loja da maconha"), acordei cedinho pra tentar registrar alguns dos melhores momentos do dia, que foi massa!
Começamos fazendo uma caminhada pela Candelária, centro histórico de Bogotá. É muito perto do nosso hotel, e descemos a rua curtindo cada fachada, cada plaquinha onde está escrito "aqui morou fulano de tal, que no ano tal fez tal coisa". Personalidades de quem nunca ouvimos falar, mas que nos despertam curiosidade.
E curiosos que somos, acabamos entrando num casarão que estava com a porta aberta. De fora, podia-se ver o jardim interno, belíssimo, típico dessas construções, e que revelam a influência árabe na cultura dos colonizadores espanhóis que passaram por aqui.
O que deveria ser só uma espiadela no jardim, se tornou um belo tour. Descobrimos que o dito casarão havia sido propriedade de um homem chamado Rufino Cuervo, um filólogo colombiano, apaixonado pela língua castelhana e autor de um dicionário. O irmão dele criou a primeira cerveja colombiana, a Cuervo. Hoje a casa é propriedade do ministério da Cultura e ali funcionam alguns escritórios. Mas se preserva uma espécie de museu.
O funcionário, muito prestativo, foi logo abrindo tudo pra gente ver. Um salão lindo, com um piano de cauda sedutor. Mamãe foi logo tratando de sentar e arriscar uns acordes. Uma cena linda. O som acabou atraindo algumas pessoas dos escritórios para o salão, e quando vimos, tínhamos uma pequena plateia!
Quando ela se levantou, o papai tomou seu lugar e deu show com uma música "popular", que foi cantada por uma das mulheres que chegaram ali.
Gente, foi tão lindo! Fiquei toda arrepiada. Aquele lugar, aquela música, a simpatia daquele povo.
Saímos energizados, flanando pelas ruas, entre aquelas construções lindas! Chegamos à praça Simon Bolívar, que concentra muitos prédios importantes e imponentes, como o Palácio da Justiça, o Capitólio Nacional, a sede da Alcadia Mayor e a e a Catedral Primada de Bogotá, reunindo assim na Plaza Mayor (como vemos nas cidades da Espanha), as instâncias de poder reunidas. Apesar de ser "primada" o prédio da catedral é o quarto construído ali. Está no mesmo lugar onde antes existiram outras 3 (estas sim construídas no século XVI). A atual foi erguida entre 1807 e 1823 e é bem mais imponente por fora que por dentro. Ao lado dela está a Capela do Sacrário, esta sim, antiquíssima, de 1689.
Catedral Primada de Bogotá |
Palácio da Justiça |
Chegamos à Igreja de San Francisco (belíssima!!!). É a igreja mais antiga de Bogotá. O altar é de uma riqueza nada franciscana. Recomendadíssima essa visita! Praticamente em frente à igreja fica o Museu do Ouro, outro passeio obrigatório por aqui. O museu reúne toda a história do metal, a relação dele com nossos antepassados, as técnicas para molda-lo, o que ele representava para as sociedades andinas. Uma coleção impressionante de peças que recontam séculos e mais séculos de civilização.
*Paradinha básica para uma fofoca de bastidor: mamãe visitou todo o museu refestelada numa cadeira de rodas. Como anda se queixando da coluna, do joelho, da idade, achamos mais prático, até para que ela se poupasse para o resto da maratona que tínhamos pela frente. Que foi engraçado, foi.
Do Museu do Ouro seguimos de táxi para o teleférico do Cerro Monserrate, uma montanha 3150 metros acima do nível do mar, que tem uma visão privilegiada da cidade. O problema é que, por conta da altitude, é preciso fôlego para caminhar lá em cima. Poucos passos são suficientes pra nos deixar ofegantes, principalmente porque lá em cima há escadas pra qualquer lugar que você vá (acessibilidade zero para que tem problemas de locomoção).
Meu pai e minha mãe sofreram um pouco com isso, e pra eles, o passeio foi limitado. Nós mesmos, mais jovens, sentimos o cansaço. O único que ficou saracoteando de um lado pra outro sem sentir nada foi o Pedro. Ô infância boa!
A parte mais linda de lá, por incrível que pareça, não é a Igreja, mas os restaurantes localizados em pontos estratégicos, que oferecem uma vista linda de Bogotá. O San Izidro e o Santa Clara, que foi o que escolhemos. Fica numa linda casa branca, com janelas de vidro, cercadas de verde e flores. Um lugar tão bonito que me emocionei, e quando dei por mim, estava chorando de alegria. Agradecendo a Deus pelas oportunidades que temos tido, pela graça de ter saúde para estar aqui, visão para apreciar tanta beleza, pessoas que amo ao meu lado.
A comida servida no restaurante é divina. Cardápio excelente e preço, como diz meu amigo Ricardo Bola, muito justo. Nessa hora, ninguém perdeu o fôlego.
camarões recheados de entrada |
Depois do almoço só eu e Pedro tivemos disposição pra conhecer a igreja do Senhor de Monserrate. Fizemos nossos pedidos (e dessa vez não foi pra passar o calor) e mais uma vez agradeci por tudo. E mal acabamos de sair da igreja, pecamos! Foi a danada da gula, que não nos deixou resistir às famosas "obleas con arequipe", uma espécie de chegadinho com doce de leite que é de comer rezando.
Por volta de 16h estávamos descendo o teleférico, apreciando uma Bogotá imensa e linda.
Tomamos o rumo da tal Zona Rosa, tão esperada pela Maria Clara. A Zona Rosa é, na verdade, uma região onde se concentram as melhores lojas da cidade, junto com os melhores bares, restaurantes e hotéis (zona T). Maria Clara não conteve o grito quando viu brilhando numa esquina a fachada de 3 andares da Forever 21. Enfim, é um local badalado, cheio de gente na rua, com "ares de Miami" (mais uma vez repito: não conheço Miami. Minha referência aqui, pra quem é de Fortaleza, seria aquele circuito Dom Luiz/Virgílio Távora - melhorado umas 20 vezes. ;)
E assim, depois de bater muita perna e pegar uma briga com o Pedro (que agora aprendeu a palavra "jugueteria" - loja de brinquedos) por causa de uma Nerf que ele insiste em querer comprar aqui porque é "muito barato" (ele já tá mais ou menos entendendo como é a conversão para pesos colombianos - um perigo!), voltamos para o hotel. Cansados, mas com a sensação de que vivemos 3 dias em um.
Daqui a pouco tem mais. Já, já sairemos para Zipaquirá, uma cidadezinha a cerca de 40km daqui, onde vamos conhecer uma catedral construída numa mina de sal. Parece massa, né? No próximo post eu conto tudo!
Besos, besos!
*Depois vou fazer um post só de fotos. Como demora muito pra carregar, e já tenho que sair, acabei não colocando quase nada do que gostaria.
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