Entre os lugares lindos que o nosso Descobrimento nos levou na região Sul, alguns se tornaram especiais graças às pessoas com quem cruzamos. Não podia deixar de registrar isso aqui. Pessoas com histórias inspiradoras que deram mais sentido à nossa viagem. A deixaram ainda mais rica, mais bonita. Gente que nem imagina como nos tocou...
O primeiro encontro aconteceu em Canela, na serra gaúcha. Impossibilitados (financeiramente) de conhecer a Snowland, atração "top" de Gramado pra quem quer brincar na neve em pleno Brasil (e que custava 180 reais por pessoa _ multiplique aí por 6!), fomos fazer um programa meio bobinho, "infanto-juvenil", como definiu a Gabriela, mas "fofinho", como esperava a Maria Clara: o parque temático Terra Mágica Florybal, da maior fábrica de chocolates de lá.
No clima da Terra Mágica ! |
Entrando no clima da magia |
Antes de ir embora, resolvi parabeniza-lo. O trabalho dele era diferente. Ele agradeceu e eu soltei um despretensioso: "Vou levar você nas minhas lembranças quando voltar pra Fortaleza", e imediatamente vi um enorme sorriso se abrir por trás daquela barba branca: "Vocês são cearenses, não acredito! Eu sou de Guaraciaba do Norte". Em instantes o mago já se chamava Felipe e me revelava que sob aquele personagem carregava um desejo maior de trabalhar como ator, sonho que foi buscar lá nas bandas do sul. Me emocionei com a história dele e certamente irei vibrar quando souber do seu sucesso. A magia do carisma ele já tem. Agora já somos amigos de Facebook e pretendo acompanhar os novos capítulos da história dele.
A emoção de descobrir que éramos conterrâneos. Desejo que ele ainda brilhe muito por aí! |
Fomos recebidos pela Cláudia, uma mulher alta, de sorriso largo e voz forte (me lembrou a da Ilze Scamparini sem aquele tom fúnebre papal) a se desculpar pela "bagunça" deixada por um grupo que tinha saído minutos antes de a gente chegar. Explicamos que havíamos sido levados ali pela curiosidade e ela já foi tratando de apresentar as geleias, fabricadas artesanalmente a partir de frutas plantadas e colhidas ali mesmo por ela e o marido. Amoras, framboesas, mirtilos e physalis, além de antepastos. Um a um, a Cláudia foi nos apresentando os "sabores da querência" e nos conquistando pela barriga.
As geleias do Sabores da Querência. Todas produzidas com matéria prima cultivada pela Cláudia e pelo Vico |
A Cláudia nos contou que a produção de geleias representava uma escolha por uma vida com outros valores, opção dela e do marido, o Vico.
Esse é o Vico (Foto copiada do site deles! saboresdaquerencia.com.br ) |
A história era assim: a Cláudia era executiva do mercado de finanças. Tinha uma vida agitadíssima. O Vico, gerente de uma grande indústria de calçados. Em um determinado momento os dois resolveram que não precisavam mais daquilo. Que podiam viver com menos e viver melhor. Procuraram o lugar onde gostariam de morar, planejaram o modo como queriam levar a vida e fizeram da Querência Macanuda um lugar onde a gente sente paz e deseja por ela.
Achei interessante o relato dela porque tenho conversado bastante com o Xuxu sobre a vida que temos e a vida que queremos. Parecia que eu tava recebendo um recado. A vida pode ser muito mais simples do que a gente pensa...
O papo foi tão bom que no dia seguinte voltamos. O netinho deles tinha chegado do Rio pra passar férias lá. Corria naqueles campos verdes acompanhado pelos cachorros e uma ovelha felpuda que batizada como Floquinho de Neve. E novamente nos sentimos inspirados.
Um negócio chamado liberdade |
Foi em Urubici (SC) que descobri, por acaso, outra pessoa muito bacana. Enquanto o Xuxu foi com os meninos ao posto do ICMBio buscar uma autorização pra gente visitar o Morro da Igreja (essa autorização é obrigatória), resolvi ficar na igreja (mesmo) da cidade. Aqui um parêntese: sempre gosto de visitar igrejas nos lugares onde passamos. Em cada uma delas peço bençãos a Deus, do meu jeito, para as pessoas que amo, e agradeço, sempre agradeço, pelas coisas boas que acontecem na minha vida. Saí da igreja e enquanto eles não chegavam entrei numa casa lindinha na mesma rua. Era uma loja de decoração. Comecei a puxar conversar com a dona, a Lucília. E sabe qual história ouvi? A de uma arquiteta de grandes projetos estruturais que largou pra trás o escritório e veio morar no interior em busca de uma vida mais humana, mais sintonizada com o meio ambiente, num significado literal de paz de espírito. Lá tava eu de novo pensando: isso é um sinal! Ah, e que fique claro: não estou falando de ripongas maluquetes, não! Hahahahah
O Xuxu chegou,ela viu a meninada, trocamos ideias sobre criação de filhos, desejos, futuro, e quando vi ela tava me dando o telefone dela pra gente ligar se precisasse de alguma coisa ali durante o passeio. O papo foi tão bom que me esqueci de tirar uma foto dela. Mas olha a vibe da loja!
Recanto lindo da loja da Lucília. "Pra quem gosta de casa" é o nome |
Na praia do Rosa (SC), foi a vez de conhecer a Dora e o Ismael, mãe e filho, gaúchos de São Leopoldo, que ficaram hospedados na mesma pousada que nós. Puxei conversa sobre o consumo de chimarrão deles (ela tava sempre com a cuia de erva na mão) e daquele papo muitas outras conversas surgiram. A Dora me contou que está perto dos 60 e nunca esteve tão disposta a correr atrás de sonhos. Pensa em se mudar de São Leopoldo para o Rosa pra começar uma vida bem diferente. A firmeza e a determinação dela são incríveis! Nos despedimos com a promessa de que ainda vou visita-la em sua nova morada.
Longas conversas com a Dora e o Ismael sobre realização de sonhos |
Por fim, preciso falar novamente da Rose e do Valdo, nossos anfitriões da Pousada Prazeres do Rosa. Uma parte do que eles fizeram por nós já foi contada em outro post. Mas a acolhida desse casal com nossa família foi realmente marcante. Pra vocês terem ideia, até descobri que o sobrenome da Rose também é Medeiros, já pensou? Ouvi por acaso, quando ela conversava com outra hóspede. Fiquei impressionada com a coincidência. Aí teve a afeição deles com o Pedro, mesmo nome do netinho de 5 anos de quem eles sentem tanta saudade. E o conhecimento deles de Fortaleza, por conta de trabalhos que já fizeram na nossa terra, as afinidades de pensamento, o gosto por viagens... Lá pras tantas tava o Valdo cozinhando ovo pro Pedro comer à noite e fazendo suco de abacaxi "exclusivo" pra gente no café da manhã. Um carinho de pais pra filhos, de irmãos, sei lá! Minha gratidão por eles é enorme. Teve choro na despedida. E um desejo enorme de um reencontro.
Suquinho especial feito pelo Valdo. Carinho sem tamanho |
Senti uma necessidade enorme de escrever sobre essas pessoas. Tenho me convencido cada vez mais que o que levamos dessa vida são as experiências que vivemos e os afetos que trocamos. Esse post eu dedico a todo mundo que também acredita nesses encontros.
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