segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"Mãe, acho que meu cérebro bugou".

Descemos no Aeroporto El Dorado, de Bogotá, às 7 e pouco da noite (duas horas a menos que o Brasil). Entre os procedimentos de  desembarque, imigração, esteira de bagagens, casa de câmbio e aduana, Pedro permaneceu de olhos atentos a tudo. Meio calado, o que não é característico dele, mas visivelmente ligado.
Foi então que me puxou pela mão e disse: "Mãe, acho que meu cérebro bugou. Não consigo entender nada que as pessoas falam! Não tô conseguindo pensar". Ele, que achava que sabia alguma coisa de espanhol, se tocou que não era tão simples quanto parecia nas aulas da tia Nadesda, no Antares. Tentei tranquiliza-lo e começamos a trocar algumas expressões. Pra "empezar", nada melhor que um "buenas noches" e um "muchas gracias", "vale"?

Nos dividimos em dois taxis para ir ao hotel, no bairro da Candelária, centro histórico de Bogotá. Eu num carro, com o papai e a mamãe, e o Xuxu em outro, com os meninos. (Esse lance do táxi é diferente aqui. Os preços já são combinados na saída, e meio tabelados. Não há taxímetro. O bom é que vc já vai sabendo quanto vai gastar).

O motorista do nosso carro, o Willian, foi de uma simpatia só. A nos mostrar tudo pelo caminho, a me falar do trânsito caótico por aqui (e em terras de Transmilênio, o sistema de BRT que virou exemplo pro mundo, isso merece um post à parte!), a nos propor passeios "inolvidables".

Chegamos à Candelária e, cadê o hotel? Endereço na mão, rua certinha, mas... Os dois taxistas pararam os carros, desceram, mão na cabeça, olha pra um lado, olha pra o outro... Discutem num espanhol rapidíssimo e lá me vem o Pedro, "El observador", com o seguinte comentário: "Mãe, olha que engraçado, aquela casa ali é igualzinha ao nosso hotel." Não dei muita trela, e ele puxando assunto. "Mãe, lá em casa eu entrei no google earth  e vi como era o hotel que a gente ia ficar. Uma casa igual aquela". E eu no velho, "ah, filho, legal..." e preocupada mesmo era com a conversa dos motoristas. Até que um deles resolveu ligar pro telefone marcado no voucher e... tchan, tchan, tchan, tchan... daquela casinha no meio do quarteirão apontada pelo Pedro, "igualzinha ao hotel" que ELE viu na internet,  sai um rapaz simpático acenando "Hola, beinvenidos!". Pois é, o danado do menino tinha razão. O google earth dele tava certinho e só ele, na família inteira, tinha prestado atenção na fachada do hotel quando consultou a internet (eu confesso que só me interessei em olhar o quarto, pra saber se era bom).



Demos os parabéns à ele, que ficou orgulhosíssimo pelo achado.


O Hotel Muisca,de fachada modesta porém charmosíssima, localizado numa rua tranquila do centro histórico, foi nossa primeira boa surpresa por aqui. Fica num casarão de mais de 200 anos, todo decorado com artigos do período precolombino,com objetos que são típicos da nação Muisca-Chibcha, que faz parte da cinco grandes culturas ancestrais (Maya, Inca, Azteca y Selvática).

Além do mais, apesar do casarão antigo, as instalações são ótimas. E tudo é feito seguindo critérios de sustentabilidade. Estoy encantada!


Resumindo. O astral é tão bacana que decidimos ficar o resto da noite aqui, descobrindo curiosidades e treinando nosso espanhol coletivamente, entre risos e caretas. E nosso primeiro jantar não teve nada de ancestral. Recorremos ao velho e bom delivery e nos esbaldamos com uma "Monapizza" (adorei o nome!) quentinha, pra esquentar o frio que Bogotá nos fez sentir.






 E fomos dormir cansados mas felizes demais. Nossa primeira impressão foi a melhor possível!
Hasta la vista, babies!
Mamãe não aparece na foto porque tava toda encorujada de frio no quarto!









Um comentário:

  1. Olha eu aqui, novamente. Vou ficar esperando o seu texto sobre o BRT, afinal, eles são os percussores. Não é só voce que gosta do assunto mobilidade urbana. Eu tbm adoro, e sempre, observo quando viajo.

    bjs

    tete

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